O NINHO DE OURO
Nunca em momento algum me recordo dos meus pais me proibirem de “frequentar” a cama deles. Nunca em momento algum fui proibida de adormecer lá ou de por lá ficar a dormir sempre que assim podia ou era necessário. Sem exageros, mas sobretudo sem grande stress.
Com o passar dos anos e com artigos e opiniões, com psicólogos e psicologias fui bombardeada com ideias que confesso influenciaram a minha maneira de pensar, e bem no inicio até de agir enquanto mãe. Há vários temas em que isso acontece, mas hoje falo-vos diretamente de dormir na cama dos pais.
Engravidei e tomei por ideia que não devia habituar o meu filho a dormir na cama dos pais. Na minha mente essa opção não seria posta em prática cá em casa para não criar maus hábitos, para não haver desgraças, como aquelas em que os pais caem literalmente em cima dos bebes, e também para que nós pais pudéssemos ter o descanso e a privacidade que precisávamos. Pois bem, amigos pais e mães sabemos que opinar antes do tempo ou tornar públicas as nossas decisões é como estar a jogar pedras com telhados de vidro e foi exatamente isso que aconteceu. O pequeno príncipe T nasceu e com ele trouxe as suas vontades. Pois…e a vontade dele era toda menos dormir. Com a nova experiência chegou a exaustão. Nos primeiros 4 meses ele dormia apenas a partir das 6h da manhã…sim sim leram bem, chegava as 21h e ele abria os olhos e só voltava a descansar pelas 06h da manhã. Agora considerem isto para quem é mãe de primeira viagem, para quem é mãe sem mãe, para quem é mãe sem qualquer tipo de preparação ou avisos prévios. Tornou-se a loucura e com a loucura as ideias pré-definidas, as conclusões precipitadas e as opiniões fundamentadas caíram por terra. E até hoje, e por ontem e pelo futuro aprendo que na maternidade ninguém tem 100% de razão, ninguém deve fazer juízos de valor e ninguém deve opinar sem conhecimento próprio. Só a partir dos 3 anos o T fez uma noite mais ou menos jeitosa e quando digo mais ou menos falo em 2 ou 3h seguidas de sono. Passou para o quarto dele quando completou um ano, mas sempre que havia choro, sempre que havia birra, sempre que por qualquer razão ele queria apenas atenção e o carinho que só eles necessitam, passou a pernoitar na nossa cama. Sem medos, sem juízos de valor, e sobretudo sem stress. Com o tempo percebi que o bem-estar dele é o nosso bem-estar, mas também percebi que se eu não estivesse bem ele também não estaria. Optei por me tornar uma mãe mais livre, sem mau-humor, sem cansaço acumulado. Optei por deixar de lado as ideologias e as crenças, as opiniões e o apontar de dedos em prol do bem-estar e saúde mental dos dois. Ninguém precisa de uma mãe sem vontade de brincar, a cair de sono e com o humor no limite mínimo, pronta a explodir de raiva quando o que eles mais necessitam é de paz, tranquilidade e acima de tudo boa vontade.
O tempo passa rápido demais para criar regras absurdas que em nada irão ajudá-los a crescer. E para aqueles que defendem que as crianças têm de ter regras desde o inicio, para aqueles que acham que dormir com os pais é puro comodismo dos mesmos para dormir mais umas horas, ou até mesmo para aqueles que acham que dormir com os pais pode até tornar-se num tema de cariz sexual para todos, tenho apenas uma palavra: TRETAS.
As rotinas ajudam as crianças a esquematizar e organizar-se enquanto ser humano, sou adepta sim, mas não sou de gelo e se posso optar por ter um filho feliz e emocionalmente coerente nunca deixarei de o “aninhar” com receios desmedidos e sem fundamentos. Nem sempre nem nunca é a máxima que se impõe e será sempre aquela que deve ser seguida.