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Ele, o microfone e a mamã

"Radicalismos" de uma mãe galinha, rabiscos e cantorias do pequeno príncipe T e vida, muita vida para vos mostrar. No nosso T3 vivemos e sorrimos muito.

Ele, o microfone e a mamã

O valor dos sentimentos

Liliana Silva, 28.09.17

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Há dias o pequeno príncipe T apanhou o hábito de querer dar-me um presente. Sempre que chegávamos a uma superfície comercial, arrastava-me e pegava em tudo...desde o mais óbvio até ao mais irrisório. Queria apenas que fosse um mimo. Tentava fazer-lhe ver que não precisava de nada, que ele tinha muito para me dar, cheguei até ao ponto de lhe voltar a explicar, dentro do possível, que se gastasse aquelas moedas comigo, não teria para comprar algo que quisesse muito. 

Comecei por tentar arranjar ideias para desviar esta atenção das coisas físicas, dos objectos, dos presentes reais...comecei por pensar como seria mais benéfico para ambos que ele soubesse que haverá sempre algo mais especial do que o presente mais caro que ele me poderá um dia dar...comecei por interiorizar que tinha de haver uma máxima que o marcasse e que lhe demonstrasse que eu ficava mesmo feliz com aquela "prenda" que ele me iria dar.

Comecei pelas ideias dos seus trabalhinhos próprios, os desenhos, as pinturas, as flores que apanha na rua e leva para casa...enfim...nada... mais voltas à cabeça e certo dia consegui...e pode até parecer cliché...mas as crianças são assim, perfeitas e genuínas. Fui-lhe dizendo que os abracinhos dele, e os seus beijinhos eram o melhor presente que ele me podia dar. E começou a pegar moda. Não é que tivesse falta destas demonstrações de carinho, porque deste lado temos, e desculpem a falta de modéstia, um miúdo bastante carinhoso e afectuoso, mas senti que ele se sentia quase na obrigação de retribuir com algo "físico" sempre que eu lhe comprava uma lembrança. E achei que não deveria ir por aí, achei que deveria retirar uma lição desta situação, e tentei fazer-lhe ver que há coisas que não custam dinheiro e deixam sempre sorrisos abertos e corações cheios.

Certo dia, comecei a ouvi-lo chamar-me e dizer que tinha uma surpresa para mim. Julguei que vinha por lá algo que ele tivesse "desencantado do fundo do cesto dos brinquedos" ou até uma lembrança que tivesse comprado com o papá. Pois não...quando me aproximei dele vinha de braços abertos...foi-se chegando, abraçou-me e deu-me daqueles beijinhos "repenicados" que nós mães tanto gostamos. Depois a frase final "toma esta é a tua prenda mamã, aquela que tu mais gostas certo mamã?". A partir daquele dia, e quase todos os dias, em algum momento se lembra "daquela" prenda e volta a chamar-me, e volta a abraçar-me e volta a "beijocar-me"...e eu repito sempre a mesma frase " são sempre as tuas melhores prendas príncipe lindo, a mamã adora estas prendas especiais".

Desta penso que já me safei com nota positiva. Ensinar-lhe que nem tudo tem valor material custa quando ele pergunta o preço de tudo e temos de lhe dizer que quase tudo custa dinheiro...quase...porque o amor e o carinho genuínos, esses ainda são gratuitos e valem mais que muitas moedas juntas. 

Venha de lá a próxima lição...

 

* Créditos da Imagem: António Lucas

WOOL COVILHÃ PARA VISITAR NO DIA MUNDIAL DO TURISMO

Liliana Silva, 27.09.17

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Somos de cá...desta cidade serrana, da terra da indústria da lã, de cariz operário... E com o principal objectivo de prestar homenagem a este passado, surgiu o Festival WOOL, que pretende também que a Covilhã se torne um polo da arte urbana a nível nacional.

 

Ao longo dos anos, têm passado pela cidade vários artistas que deixam a sua marca impressa nas paredes dos edíficios que com o tempo foram dotados ao abandono. Com estes artistas e estas obras tem surgido por parte da comunidade um interesse acrescido pela cultura e arte contemporânea, neste caso a arte urbana.

 

Artistas: Halfstudio

Título: Cidade Flor + Em ti mora o meu Amor

 Local: Escadinhas do Castelo (junto ao Centro Diagnóstico da Covilhã)

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E apesar de sermos de cá, e irmos identificando cada obra, à medida que iam surgindo, ainda não tínhamos colocado os pés na rua para fazer o roteiro, que entretanto foi criado para a vizualização deste espólio.

Trazer um evento com estas características para uma cidade do interior permitiu não só embelezar as ruas como trazer ao centro os turistas, fazê-los percorrer os caminhos mais estreitos e sermos visitados pelos amantes destas artes culturais.

 Sapatilhas nos pés, mochila às costas e lá fomos nós descobrir o maior número possível de pinturas e obras que estão espalhadas por esta nossa Covilhã. 

 Das mais recentes, situada na Rua dos Bombeiros (junto à residencial Panorama), encontra-se a obra de Bosoletti, uma peça dicotómica, que nos permite ver a criação ao nível positivo da fotografia como a negativo. Uma mensagem nas entrelinhas desta imagem que o artista pretendeu passar, temos todos de saber olhar um pouco mais além.

 

Titulo: Arrebatamento

Artista: Bosoletti

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A natureza está em foque nesta criação da espanhola Doa Oa, situada no Largo Sra. do Rosário. A artista recuperou duas espécies de plantas utilizadas no tingimento tradicional (de azul e vermelho) dos tecidos na Real Fábrica dos Panos da Covilhã.

Título: Indigofera Tinctoria + Rubia Tinctorium 

Artista: Doa Oa

 

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Third, o artista das estruturas tridimensionais e biónicas, deixa-nos com uma outra pespectiva de teares e máquinas usadas pelos operários da lã. Situado na Rua Capitão Alves Roçadas (Rua de São Tiago) no edíficio da antiga Farmácia Soares, o mural é uma ode a todos os fios e máquinas que fizeram parte do nosso passado.

 

Título: Coração

Artista: Third

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Seguimos caminho e encontramos outras obras de arte, de anos anteriores que projectaram este projecto para os jornais de todo o país e até a nível mundial.

O WOOL realizou-se em 2011, 2014 e 2015, edições em que foram intervencionadas várias paredes da zona histórica da cidade, criando-se um circuito de arte urbana em que se encontram obras de artistas como Vhils, Bordalo II, BTOY, Pantónio e Samina, entre outros. 

 

Título: “A fera da Teixeira”

Artista: Kram

 

 

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Título: Portugal pelas Costuras

Artista: Mr. Dheo

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Título: Pastor

Artista: Btoy

 

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Daquelas que me lembro ser das primeiras intervenções no centro da cidade está o mocho mais conhecido feito com um amontoado de lixo e sucata do artista Bordalo II. O mocho símbolo de sabedoria e cultura apela ao investimento naquela área histórica da cidade.

 

Título: Owl Eyes

Artista: Bordalo II

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O trabalho da renda de Bilros e do seu consequente desaparecimento com o passar dos anos é o tema da criação da artista Tamara Alves. A ideia de renascimento desta arte é colocada nas mãos de uma mulher que faz o seu prórpio vestido utilizando a técnica da renda de bilros.

 

Título: Wild Orphan

Artista: Tamara Alves

 

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Durante aquela manhã, e já no meio do percurso tivemos o prazer de nos cruzarmos com o Sr. Viseu, que muito orgulhoso nos questionou se já tínhamos visto o "seu" mural. Encaminhou-nos até lá e contou-nos histórias antigas destas paredes onde hoje está o seu rosto retratado. Foi um prazer ter esta oportunidade, e o pirralhito achou imensa piada ao facto de ver o Sr. ao vivo e depois a pintura dele na parede. A artista quis homegear as pessoas comuns, aquelas que realmente dão vida ao centro histórico da cidade.

 

Título: Sr. Viseu (Antigo trabalhador dos Lanifícios)

Artista: Samina 

 

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Título: O pastor e o Operário

Artista: Arm Collective

 

 

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Neste dia Mundial do Turismo, fica a nossa sugestão. Venham até cá, temos boa cama e boa mesa. E temos um vasto património que merece ser destacado. Deixamos mais algumas obras que estão retratadas em cada recanto desta cidade serrana. 

 

 

 

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Deixo-vos com aquela que mais gostei de ver, pelo realismo e simbolismo. Pelos pormenores tão detalhados de umas mãos tão perfeitas.

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 Acreditem que foi uma manhã muito bem passada, onde o pequeno príncipe T teve oportunidade de andar em ruas que até a mim me eram desconhecidas e uma maneira bastante interessante de captar a atenção para variados estilos e materiais. A cada esquina lá estava ele, um pé mais à frente e a espreitar a parede do lado tentando descobrir se havia ou não mais um "desenho na parede".

Alguma dúvida sobre onde comer e dormir, digo-vos apenas que servimos muito bem e acolhemos ainda melhor. Aproveitem, neste dia Mundial do Turismo façam as malas (se for caso disso) ou ponham a mochila às costas (para quem é de cá) e deixem-se encantar com esta arte urbana TOP 5. 

A vida por um fio

Liliana Silva, 25.09.17

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Dou por mim a olhar para ele, a agarrá-lo, a passar a mão pela sua cara e pelo seu cabelo enquanto dorme o seu sono de menino feliz. Ali parada no tempo são muitas as imagens que me vêem à memória e são muitos os desejos que tenho para esta pequena criatura. Ali de frente para a vida exijo-lhe que seja feliz e que viva intensamente cada minuto. Ali olhos abertos com olhos fechados os medos, as ânsias, os "ses" e os pesos tomam outras dimensões e transportam-me para as coisas que temos sempre receio que nos possam acontecer. Sou mãe. Mas acima de tudo sou um ser humano falível. E é desta falência que falamos. É destas faltas que todos nos devíamos lembrar quando decidimos abrir a boca e expor tudo o que sai sem pensamento e tudo o que é dito sem consciência. E quem sou eu, ser humano falível para criticar? Quem sou eu, mãe imperfeita para dizer que faço ou aconteço quando na realidade isso nunca depende de nós? Quem sou eu, mulher para saber mais que os outros só porque tenho um sexto sentido mais apurado?

Do que vos adianta a vocês, opinadores sem profissão, expor em praça pública se acham bem ou mal determinado acontecimento? Do que vos adianta a vocês, geradores de conflito gratuito se aquela mãe é ou não culpada? Se deve 

O que vos serve é única e exclusivamente a vossa força maior de criticar os outros para que não sejam alvo de criticas. Porque todos, quer queiramos ou não somos alvos facéis das opiniões alheias.

O menino de dois anos que foi colhido a semana passada por um comboio numa localidade da cidade da Guarda morreu. O menino de dois anos estava a brincar, típico da idade, onde correm desalmadamente, onde tentam fugir sem receios, onde não vêm mal em nada, onde não têm noção do perigo, onde o mundo parece ser todo deles.O menino de dois anos deveria estar acompanhado e bem vigiado. Mas a quantos de nós não aconteceu já um sobressalto por desvio de olhares por segundos? A quantos de nós eles não "enganaram" já, não fugiram já, não se engasgaram com objectos, não se deitaram à água? A quantos nós ou aos nossos mais próximos? É fácil criticar? Sim. É fácil opinar? Muito. 

Mas e o resto? E o essencial? E o que fica? Ou melhor o que não fica? Ficámos todos sem mais uma criança. Ficámos todos mais pobres e tristes. Mas poucos se lembram disso, porque não a temos como tal. Não é nossa familiar, não é nosso amigo, não é sequer nosso conhecido...Será que somos assim tão irrepreensíveis?! E intocáveis? E perfeitos?

Àquela mãe, que perdeu o seu menino eu desejo apenas que ela consiga encontrar a paz de uma vida roubada. A vida, o tempo e as pessoas vão encarregar-se dos juízos e das penas morais.

Eu vou continuar a olhá-lo aqui deitado na sua cama quente e rodeado pelos seus amigos de eleição. E vou continuar por aqui na certeza que a vida nos prega partidas sem graça e desejar que ela nunca encontre o meu menino para lhe pregar estas partidas desesperantes para pais como nós.

Pela paz...no dia e fora dele

Liliana Silva, 22.09.17

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Na escolinha do pequeno príncipe T ontem falou-se da paz. A fotografia ilustra aquilo que de mais genuíno existe...a pomba branca sinónimo de paz, de tranquilidade e de acalmia. Mas mais do que o desenho e o simbolismo do dia fica aquilo que uma criança de 5 anos conseguiu aprender e identificar deste tema que tanto nos diz e que tanto tem faltado no mundo actual.

O Tiago "explicou-me" que ontem ouviu 2 "nomes" novos e soube distinguir um do outro. Falou-me da paz como um aspecto bom e da guerra como uma coisa má. Disse-me com as suas palavras simples que "não devemos lutar. Não devemos bater nem magoar. Não devemos fazer coisas más porque deixamos as outras pessoas tristes. E não devemos fazer coisas más porque estamos a fazer a guerra e isso é muito triste. Ser mau não é fazer a paz." A mensagem passou. A ideia ficou. As palavras alojaram-se naquele coração puro. E por este lado reflecti aquela descrição. Busquei a essência destas simples palavras e percebi que se tivessemos mais crianças a saber a distinção destes dois conceitos teríamos com certeza um mundo mais justo e pacífico. Percebi que bastam pequenos gestos para que uma criança possa de facto entender desde muito cedo que ao existirem dois conceitos alguma coisa vai mal no reino dos humanos, porque o mais certo nem sempre é o mais praticado.

E percebi a sorte que tenho por ter a minha criança rodeada de pessoas boas, de pessoas que plantam os valores da justiça, da equidade, da paz. Percebi que, embora a bolha esteja, a cada dia que passa,maior, ainda estamos num cantinho sagrado que nos permite assistir de longe a estas desgraças e a não vivenciar de perto estas maldades. 

Se o significado mais prático da paz é a ausência de guerra, desejo apenas que o meu filho aprenda que o primeiro conceito pode tornar a nossa vida muito melhor e sobretudo menos triste. Para que todos os dias se tornem de paz, de tranquilidade e de amor. Porque podemos nem sempre concordar uns com os outros, podemos ter ideologias diferentes uns dos outros, podemos até exprimir-nos livremente dando opiniões contraditórias mas não podemos ameaçar, destruir e dizimar tudo à nossa volta porque não somos capazes de perceber que o mundo só será igual para todos quando soubermos que todos nascemos e morremos e que nesta nossa passagem devemos manter o ser humano seguro e de bem com os outros. Só assim isto fará mais sentido.

Obrigada à professora Bita e a todas as envolvidas, por ensinarem o essencial, neste mundo que se preocupa apenas com o mais importante.

 

À minha avó...que se "esqueceu de mim"

Liliana Silva, 21.09.17

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Não será fácil admitir. Não será fácil confirmar. Não será fácil assumir preferências por determinadas pessoas em detrimento de outras de igual valor. Eu admito, eu confirmo e eu assumo. 

Cresci contigo e era a ti que recorria em tantas outras vezes, sempre que era necessário. Cresci contigo e não soube descortinar os sinais que o tempo veio a mostrar. Cresci contigo e não consegui contornar as evidências de uma doença anunciada.

Na altura não se falava sobre isto. Na altura a palavra velho e demência eram vistos como sinónimos e explicação para muito do que se passava com muitos daqueles que enfrentavam as agruras da velhice.

Hoje sei reconhecer que nem sempre fui muito justa, hoje sei reconhecer aqueles sintomas.

Aquela agressividade com que tratavas ou outros, a não lembrança dos nossos nomes e das nossas vivências, a apatia "sincera" com que nos recebias, o desinteresse total pelas conversas que tentávamos ter contigo para te animar e trazer à tona. Hoje sei reconhecer que quando te queixavas de nós, quando ateimavas em não querer fazer a tua higiene diária, quando abruptamente tentavas sair de casa sem destino traçado, estavas já perdida no tempo e no espaço de uma doença que tomou conta de ti. Hoje avó tudo isso tem um nome: Alzheimer. E ainda hoje avó a medicina não tem uma cura definida para este problema que se estima, afectará em 2050 cerca de 131 milhões de pessoas em todo o mundo.

 

Neste dia mundial da pessoa com doença de Alzheimer a minha homenagem vai para ti...hoje e sempre continuas no meu coração. Peço perdão se, pela minha idade tenra, não percebi certos sintomas da tua doença.

Queria escrever-te...queria dizer-te muito e exprimir outro tanto, mas sabes há dias em que as palavras não fluem, em que os sentimentos ficam aqui apertadinhos no peito, em que o olhar fica mais distante e vazio. Hoje é um desses dias. Daqueles dias que guardo na memória pela tua perda, pela perda do teu toque, pela perda dos teus miminhos. Ainda hoje sinto a pele das tuas mãos enrugadas quando as entrelaçavas nas minhas...dos teus sinais...do teu cabelo branco...da tua trança (ahhh como era bonita a tua trança branca das tuas vestes pretas...como vês, passam os anos mas os teus traços são religiosos para mim. Confesso que lhe perdi a conta...já são muitos anos sem ti...e tinha tanto para te contar e mostrar. 

Perdi-te não no dia da tua morte, mas no dia em que esta maldita doença conseguiu arrebatar-te a alma e o coração e ficaste perdida nos teus anos vazios. Lembro-te com estima.

Onde andas Rotina?!

Liliana Silva, 19.09.17

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Ops...não a encontro.

Regressámos de férias e ainda não me situei no tempo. Ao que parece sofro de algum síndrome pós descanso que não consigo recuperar.

O pequeno príncipe T regressou à escola, nós regressámos ao trabalho...e eu continuo a achar que preciso de férias...Noooo.

Não se riam porque a verdade é que não sinto as pilhas recarregadas. Das duas uma...ou as férias foram muito boas e "quero voltar para a ilha" ou não serviram o meu propósito de descanso e preciso mesmo de mais. O grande problema é que não consigo chegar a uma conclusão válida para resolver o meu problema. E continuo nesta indefinição e cansaço "extremo".

Ora vamos lá rever a "matéria":

1. Ir trabalhar - Check, mas só porque faz falta

2. Fazer almoço e jantar - Check porque ainda que não goste de comer, os homens cá de casa precisam e muito

3. Acordar cedo - Check mas obrigada pelo despertador (grrrrr)

4. Deixar o pirralhito na escola - Check porque sei que lhe faz falta (a ele e à minha sanidade mental)

5. Manter a rotina da hora de dormir - Check mas só a do miúdo, porque eu continuo a não conseguir relacionar dormir tarde com levantar cedo.

Hum...olhando bem para estes 5 itens está tudo a "checar", mas a realidade é que continuo com um síndrome de pós férias bastante grave...eichhh o hábito à vida boa é lixado minha gente.

Há certas coisas e pormenores que me fazem a diferença e que ainda não consegui ajeitar, mas com os dias vou lá. Não, não é preciso chegar o natal. Agora com piscinas fechadas (ohhhh no) e com as temperaturas a baixar, tenho a certeza que o meu corpo e a minha mente se vão ajustar à rotina, às regras e à normalidade.

Até lá...uiiii... até lá vou-me queixando para os homens da casa e eles vão aturando as minhas lamúrias e as minhas mazelas, sim porque estas mazelas também não me deixaram descansar como devia ser. Vai daí e com esta mistura creio que tenho razões para querer "voltar para a ilha".

 

Parem lá com isso...!

Liliana Silva, 15.09.17

É impossível não sentir a pressão dos adultos desde muito novos.

É impossível não sentir o certo e o errado quando teimam em nos querer impor distinções desde tenra idade.

É impossível não ouvir as coisas quando fazem questão de nos repetir duas e três vezes a mesma frase ou a mesma demagogia.

Ora pois bem, deixem-me cá tentar explicar-vos que como mãe não me cabe a mim "abrir a cabeça da minha cria" e fazê-la perceber que o objecto A serve para meninos e o objecto B serve para as meninas. Não me cabe a mim, enquanto mãe dizer-lhe que isto ou aquilo é para os homens ou para as mulheres. Não me cabe a mim, enquanto cuidadora e educadora repetir que não deve calçar os sapatos de salto alto da mãe ou deixar de por o gancho da amiguinha da escola porque parece mal.

E não me cabe a mim enquanto mãe porque enquanto mãe eu gosto que ele descubra por si próprio tudo o que o rodeia, gosto que seja explorador, gosto que mantenha o interesse pelas coisas mas sobretudo pelas pessoas. Enquanto mãe prefiro preocupar-me com os valores que deve aprender do que preocupar-me com as preocupações dos outros ou da imagem que possa passar de si mesmo e de nós enquanto pais. Enquanto mãe eu quero mais é que a opinião dos outros se lixe e o meu filho seja um menino feliz e realizado. E não vou preocupar-me mesmo. Não vou porque acho uma preocupação desnecessária quando já tudo à nossa volta é tão atrevidamente preocupante.

Não me parece que ser criança seja estar condicionado a um status. Não me parece que queiramos condicionar os nossos filhos única e exclusivamente com receio do que possa originar a opção deles.

Os problemas somos nós, adultos inconsequentes que os criamos. Em tempos foi-me dito em conversa, que como prenda de anos o sobrinho pediu uma boneca à tia...o que fariam vocês neste caso tão especifico? Arriscavam a felicidade da criança ou o mal estar dos pais com aquele suposto "presente envenenado"? Posso-vos dizer que esta tia conseguiu quebrar os tabus existentes, e sem pensar nos outros, pensou no pedido da criança. A boneca foi oferecida ao menino. O menino brincou com a boneca e hoje quem sabe talvez até já a tenha "desvalorizado". Não será mais simples esta atitude? Não será mais simples relativizar as coisas? Não será mais simples vê-los apenas como crianças que são e deixá-los ser felizes à maneira deles, pondo de lado as nossas ideias e ideais indevidamente instaurados na sociedade que temos?

 

 

Lembram-se de ser crianças?

" Todas as pessoas grandes foram um dia crianças, mas poucas se lembram disso."   

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O regresso

Liliana Silva, 13.09.17

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Chegou o dia Chegaram as rotinas Chegaram os amigos Chegaram as caras novas Chegaram as regras Chegou a diversão Chegou a confusão Acabaram as férias e tudo regressa à normalidade aparente dos dias rotineiros. O dia foi de entusiasmo, não houve grandes mudanças,não houve grandes adaptações,não houve grandes dores de cabeça. Deste lado o coração estava ansioso mas tranquilo, estava extasiado mas não preocupado. Vai daí o dia ter corrido como o esperado. Muita conversa, muita brincadeira e muitos sorrisos. Vinha no limite das suas forças...os olhos teimavam em fechar,o corpo teimava em cair para o lado. E na hora de deitar surge uma confissão que me fez parar o relógio e conversar com o pequeno Príncipe T. Limitou-se a dizer que estava triste. Por momentos pensei que fosse de o estar a deitar mais cedo mas com o desenrolar da conversa percebi que houve uma parte do dia que não correu como o esperado. Queixou-se que os meninos novos não emprestam as coisas,não partilham os brinquedos,não deixam tocar nos objectos alheios. Ora pois...vamos lá tentar explicar ao pirralhito...com calma e sem ferir suscetibilidades comecei por lhe perguntar se eram meninos mais pequenos? A resposta afirmativa fez-me voltar a frisar que eram meninos que ainda não conhecem as regras e rotinas da escolinha. Disse-me que não largavam a bicicleta, que não deixavam brincar com o carro ou no escorrega. Dei-lhe uma sugestão,a qual ele se sentiu importante e vai por em prática. Sugeri-lhe que pedisse à professora para ir explicando aos meninos novos a palavra partilha. Notei-lhe um rosto mais sereno e sei que se vai empenhar nesta proposta. Por último pedi-lhe compreensão...palavra difícil para um mini de 5...sei que nem sempre a poderá ter...mas disse-lhe que é importante que com os seus 5 anos ele ajude os meninos de 3 e 4 a saberem partilhar e a serem menos "egoístas". Com esta "responsabilidade" sei que as coisas tomam uma proporção mais amena e ele vai aprender a ensinar. Já dormeo seu soninho de menino feliz...e eu sinto que a lição do primeiro dia ficou registada com sucesso.

Ao avô do meu filho

Liliana Silva, 12.09.17

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Lembro-me como se fosse hoje do dia em que tive de te dar uma das notícias mais triste das nossas vidas e lembro-me como se fosse hoje do pedido,egoísta eu sei, que te fiz na mesma altura..."não me deixes sozinha". Foram momentos de grande consternação e com a voz meio embargada prometeste uma coisa que não sabias se podias cumprir. Hoje eu sei isso...hoje eu sei que fui egoísta...hoje eu sei que foste um Homem, um Pai e um Amigo à altura do meu pedido. Prometeste e tens vindo a cumprir vestindo sempre a tua melhor "pele", a de protector. Prometeste e não falhaste. Prometeste e apesar das contrariedades que o nosso caminho vai atravessando estás sempre aqui. Prometeste e sem te dares conta tornaste-te numa das pessoas mais importantes das nossas vidas. Prometeste e mesmo que as forças te faltem tu nunca nos faltas. Prometeste e embora os planos saiam furados,coisas da vida, tens sempre tempo para nós e para os nossos pedidos. Não preciso de muito quando te tenho por perto. Sei que haverá sempre uma solução. Sei que nem sempre te vou ver de boa cara, sei que há dias que a tristeza fala mais alto e queres ficar só, sei que há dias em que a nossa companhia será sempre o teu melhor aliado. Sei sobretudo que és nosso. Com o corpo e com a alma. Dedicas a tua essência ao nosso bem estar. Hoje agradeço-te pela promessa cumprida. Hoje agradeco-te pelos braços fortes para o amparo. Hoje agradeço-te pelas lutas que travas para estares bem. Hoje agradeço-te pela sopa de todas as semanas, pelo leite que não deixas faltar ao teu neto, pelas bolachas que teimas em guardar no armário da tua cozinha, pelos gelados que religiosamente compras porque sabes que não passo sem eles. Hoje agradeço-te os pormenores que fazem a nossa vida ser diferente. Porque eu terei sempre a tua sala quente em dias de inverno e o pequeno Príncipe T terá sempre os seus pães de leite guardados na gaveta. Pormenores que te não te fazem diferente mas único e especial. Foi ontem...é hoje...é amanha...dia de agradecer. Muitos parabéns querido Pai. O teu neto vai encarregar-se de te cantar os parabéns com o seu microfone

O balaço sempre provisório

Liliana Silva, 05.09.17

2012 foi o ano de mudanças radicais 2012 trouxe novidades extremas e inesperadas 2012 conseguiu plantar no meu coração um misto de felicidade e revolta 2012 foi um ano de perdas e conquistas 2012 perdi a minha mãe e ganhei o meu filho 2012 foi há já 5 anos e desde aí que me tornei numa pessoa diferente É por isso que depois de 5 anos há balanços qie posso e devo fazer, única e exclusivamente para continuar esta minha caminhada com a certeza de que dei sempre o meu melhor. Ou será que dei mesmo?! Talvez sim talvez não. Acredito que ninguém é perfeito e eu também não o quero ser. Dá trabalho tentar ser perfeito. Dá trabalho ser o melhor. Dá trabalho ser exímio e irrepreensível. E não é que tenja medo do trabalho, do esforço ou da dedicação para tal. Simplesmente acho por bem viver a vida o melhor que sei e posso. E é isso que tenho feito nestes últimos 5 anos. Aprendi que por muito que trabalhemos a vida,ela tem sempre os planos já traçados para nós...vai daí resta-nos apanhar a onda e remar como melhor sabemos com o único objetivo de ser feliz. 2012 marcou a diferença. 2012 colocou no meu caminho um ser e uma estrela. Juntos eles são a força do meu querer e da minha vontade de seguir em frente. 2012 ensinou-me a ser mãe, a ser mulher, a ser filha. 2012 mostrou-me que por eles sou tudo e faço tudo. 2012 confirmou que continuo uma pessoa revoltada mas acima de tudo capaz de colocar o amor em primeiro plano. 2012 será sempre o ano da minha reinvenção, do meu renascimento e da minha renovação.

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