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Ele, o microfone e a mamã

"Radicalismos" de uma mãe galinha, rabiscos e cantorias do pequeno príncipe T e vida, muita vida para vos mostrar. No nosso T3 vivemos e sorrimos muito.

Ele, o microfone e a mamã

Dia das bruxas? Why not?!

Liliana Silva, 31.10.17

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Nunca liguei a nada relacionado com este dia...para falar a verdade só nos últimos anos começámos a "importar" este conceito em Portugal, o que tem vindo a crescer a olhos vistos. E só há quatro anos para cá me tenho dedicado a ele... 

Se acho piada ao dia? Não

Se alguma vez o festejei? Não

Se acho piada a que o meu filho "celebre" este dia? Sim

Não lhe dou significado. Crucifiquem-me se quiserem mas nem sei bem o simbolismo desta data ou o significado que traduzem os fantasmas, os vampiros, os esqueletos ou as abóboras (depois disto vou informar-me melhor, prometo). O que por aqui faço é deixar-me levar na onda de um pirralhito que no auge dos seus 5 anos vibra com dias diferentes, com dias de festa, com fantasias e animação. O que por aqui faço é seguir uma tendência que, ainda que não seja imposta, nos leva a ter já em muitas superficies comerciais os adereços, fatos e decorações para festejar este dia. O que por aqui faço é desmistificar a ideia dos monstros, dos vampiros, dos fantasmas, porque a brincar ensina-se o melhor que podemos aprender.

 

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Respeito quem não ache piada, respeito quem não queira entrar na brincadeira, respeito até quem possa achar toda esta "fantuchada" uma enorme falta de gosto. Eu respeito! Mas por cá, e enquanto estes dias diferentes fizerem sorrisos de orelha a orelha eu estarei dentro. Por cá, enquanto lhe puder fazer a vontade de entrar em mundos novos sempre na base da brincadeiro, eu estou dentro. Por cá e enquanto ele quiser "celebrar" este dia de Halloween eu estou dentro. Porque ser mãe é também isto, entrar em mundos diferentes com o propósito de aproveitar sempre mais e mais os nossos dias comuns.

Hoje eles são o que escolheram ser! Haverá dias melhores do que estes, em que podem deixar de ser as marias, os afonsos, os ruis para encarnarem personagens de imaginação. E imaginação caros papás e mamãs é o melhor que podemos ter para "oferecer" num mundo tão esquemtizado e rotinado.

 

Volta que estás perdoada...

Liliana Silva, 30.10.17

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Ora pois muito bem...relógios acertados, hora de Inverno imposta, rotinas alteradas e por aqui em vez de termos dormido mais uma hora, estamos com menos quatro ou cinco de sono. Fim de semana com alteração de rotinas não combina com fim de semana de mudança da hora. Não façam essa mistura explosiva porque com certeza vai descambar. Foi um fim de semana de experiências diferentes, um fim de semana de excessos. Excessos nas brincadeiras, nos mimos, nas birras...fim de semana de aniversário do primo que mora longe e lá fomos nós comemorar mais um aninho do nosso feijão.

Vai na volta e ainda temos por cá o pirralhito mais velho e por lá o macaquinho de imitação próprio da idade. Vai na volta temos por cá o engraçadinho que acha piada ao novato a imitá-lo e por lá a criança que segue à risca o primo mais velho. Vai na volta tudo o que um tem o outro quer e quando assim não é lá vêm as conversas mais sérias e as explicações que na maior parte das vezes eles "tão nem aí"...

Juntem isto tudo a dias sem sesta (coisa que o nosso miúdo já não faz), e à excitação que não têm no dia a dia. Misturem tudo na velocidade máxima de querermos aproveitar este fim de semana e valer o tempo de 48h por 1 semana. Pois...resultado final...cabelos em pé, nervos à flor da pele e suspiros para que eles tivessem um botão de pausa colocado nalgum recanto que ainda ninguém descobriu.

Não sou de extremos, mas realmente há rotinas que fazem todo o sentido. Este fim de semana foi uma prova à minha e nossa capacidade de gerir situações. Mas sabem que mais, agora distanciando-me o necessário, sei perfeitamente que tudo faz parte, e que estes dias fazem-lhe muito bem. Dias como estes são raros. Dias como estes são preciosos. Dias como este vão ser lembranças num futuro próximo porque eles vão crescer e vão deixar de andar a brincar às escondidas, vão deixar de fazer imitações, vão deixar de querer imitar um e mandar o outro. Num futuro próximo, quando eles se tornarem mais crescidos vamos olhar para estes dias sem regras, sem rotinas e sem horários e vamos querer voltar atrás no tempo. Este fim de semana isso foi possível, o único dia do ano em que conseguimos que o tempo voltasse para trás, o dia em que tivemos mais tempo para aproveitar as gargalhadas deles.

De qualquer das formas e de regresso às rotinas...volta que estás perdoada...volta porque na nossa vida ja esquematizada é a forma mais simples de conseguirmos regressar sem tristezas e sem stresses.

 

Será que sentes ?!

Liliana Silva, 26.10.17

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Ontem como em todas as noites, rotina da minha vida que não dispenso, passei pelo teu quarto para te aconchegar, para ver como estavas, para te beijar... Ontem como em todas as noites da nossa vida conjunta, encostei os meus lábios à tua cabeça e deixei-me ficar ali,intacta nas acções e perdida pelo teu cheiro. Demorei-me como em todas as outras noites e tu agitaste o corpo como se te estivesse a incomodar o teu sono de menino feliz. Mas hoje pergunto-me...será que sentes aqueles meus beijos demorados na tua cabeça? Aquele aconchego na roupa para que não sintas frio? Aqueles sussurros no teu ouvido quando baixinho te deixo os meus desejos? Será que sentes que estou ali para te transmitir ainda mais carinho,mais paixão e mais amor? Será que sentes que estes meus gestos são mais uma maneira que encontrei de sentir que és meu e que sou uma afortunada por teres cruzado a minha vida? O caminho até ao meu quarto sofre sempre este desvio de percurso para que eu possa sentir-me viva. Este desvio de percurso diário transmite-me a paz necessária para descansar a alma. Este desvio de percurso que invadiu o meu quotidiano nocturno não é mais do que a maneira que arranjei para que até nos teus sonhos saibas sempre que estou e estarei sempre por perto para que sintas este nosso amor maior.

Um dia sem capa

Liliana Silva, 23.10.17

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Tirei a capa de mãe

Ontem espalhei a capa de mãe pela chão e deixei-me ficar assim no simplesmente eu.

E tirar a capa de mãe pode às vezes ser bom quando se assim o deseja, mas ontem tirei a capa de mãe porque me caiu a máscara, porque fiquei vazia no coração, porque a saturação tomou conta de mim.

Ontem a vontade era ficar no sofá, enrolada a uma manta, sozinha e num silêncio que já não conheço...

Ontem tirei a capa de mãe e falei mais alto, e aborreci-me com mais facilidade e chorei quase sem dar conta...

Tirei a capa de mãe porque antes de ser mãe sou ser humano e como tal o cansaço, a fraqueza, o medo e o desânimo também tomam conta de mim.

Ontem tirei a capa de mãe e lá no fundo entreguei ao destino e aos outros um pirralho de 5anos com a sua energia sem fim e as suas dibruras do costume.

Ontem tirei a capa de mãe porque ser mãe esgota, porque ser mãe cansa, porque ser mãe é desafiante. E há dias em que não precisamos de outros desafios, quando o único que já temos aos ombros nos pesa na alma e no peito.

Ontem tirei a capa de mãe porque quem disse que ser mãe era simples, fácil, maravilhoso, encantador...enganou-se!! Enganou-se redondamente...porque ser mãe não é simples, não é fácil e não é maravilhoso. Ser mãe é daquelas tarefas que ou tens muito muito muito para dar ou então simplesmente não dá. Ser mãe é a mais nobre das profissoes, a mais exigente, a mais satisfastória. Ser mãe é ser vida...é dar vida...é dar ar...
Ser mãe é passar a viver com o coração nas mãos, com o credo na boca, com as mãos na cabeça e com os suspiros na alma. Ser mãe é pura e simplesmente SER...Ser cuidador, protector, com amor para dar esperando unica e simplesmente uma coisa...o sorriso verdadeiro, sincero, caloroso...um sorriso de "sou feliz", de "estou bem", de "aquele caminho é o certo,obrigada", de "é bom estares sempre aqui". 

Ontem o pequeno príncipe T ao deitar perguntou-me se eu estava chateada. E eu simplesmente fui mãe, aquela mãe sincera que às vezes devemos ser por nós e por eles, aquela mãe que tirou a capa de super heroína e é simplesmente mãe e disse-lhe que estava cansada. Ele perguntou se estava chateada com ele e eu simplesmente respondi..."estou um bocadinho cansada porque às vezes as mamãs também se cansam e ficam tristes". Agarrei-me a ele e disse-lhe baixinho ao ouvido "mas isto passa tudo com o teu abracinho, amanhã tudo volta ao normal." e ele, como criança luz que eu sei que é deixou-se ficar sem perguntas e disse apenas "dorme bem minha flor".

Hoje a capa já está posta novamente, as energias carregadas e pronta para mais um dia. Hoje o sol brilha e as esperanças renovam-se...é assim esta profissão...sem tabus e com a certeza de que ser mãe é ser assim, imperfeita nas perfeições dos nossos rebentos!  

 

Ele tem 5 anos e pede desculpa...

Liliana Silva, 18.10.17

 

 

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Ora pois bem Sr. Primeiro- Ministro, senhores ministros, senhores secretários de estado, senhores comandantes da protecção civil, senhores deputados da assembleia e afins, hoje apenas que ocorre dizer que por estes dias tenho em casa um miúdo de 5 anos que cumpre na integra aquilo que vocês em mais de 4 meses não souberam fazer, dizer e muito menos sentir.

Tenho em casa um pirralho que com a mania da idade tende a fazer tudo como quer e quando quer e com estas suas acções sabe perfeitamente que haverá consequências dos seus actos. E tenho em casa um pequeno grande homenzinho que com os seus tenros anos sabe que a primeira coisa a fazer quando faz asneira é pedir desculpa. Ora pois muito bem, deste lado está uma mãe que responde quase sempre a mesma coisa "as desculpas não se pedem, evitam-se", mas ainda assim a tendência é sempre de pedir um perdão para que todos saibam que ele está arrependido.

Pois muito bem Sr. primeiro-ministro e demais representantes que a maioria, ou não, elegeu para nos representar, ponha-se no seu lugar de filho, de marido, de pai, de neto...ponha a sua família no lugar destas mais de 100 famílias que perderam alguém próximo, ponha a sua família no lugar de tantos outros portugueses e portuguesas que perderam os bens de uma vida, e que neste momento não têm nada para lutar ou sobreviver. Consegue essa proeza? Agora tente interpretar o papel do pequeno principe T e saiba que algo de muito mau se passou pelo seu "reino" e como ele, saiba pelo menos admitir que há erros, que sempre houve mas que não devem continuar a existir erros assim. Consegue pedir desculpa?

Ainda que eu, e mais uns milhões valentes lhe possamos responder sempre da mesma forma, que "as desculpas não se pedem, evitam-se", ainda que eu ache que muito falhou, que as desculpas não trazem os mortos, que as visitas aos locais afectados não vão voltar a ser verdes apenas com a sua passagem...ainda que eu como mais uns milhões de pessoas estejamos revoltados, tristes, zangados e nada nem ninguém nos satisfaça, ponha-se no lugar de cada um de nós e saiba ser, saiba apenas ser. Porque nestes momentos de dor, de revolta, de ânimos exaltados não serve nunca o ar imponente, a postura correcta ou a resposta politicamente acertada. Nestes momentos de dor, revolta e tristeza é preciso saber ser e estar. É preciso reconhecer. É preciso acalmar. É preciso amparar. É isso que todos esperam quando estão mais fragilizados.

Aprenda com um miúdo de 5 anos. Olhe à sua volte e saiba que apesar de poder fazer tudo e ainda assim não consiga resolver o problema, as pessoas verão que quem temos a dirigir-nos não é um reles político mas uma pessoa com sentimentos no lugar certo na hora certa. Às vezes é necessário baixar a "crista" e carregar nos ombros "passos" pesados, mas acredite que se souber ser e estar na pele de um simples ser humano, as coisas tendem a correr melhor.

Vale a pena pensar nisto. Vale a pena, às vezes deixar-mo-nos guiar pela simplicidade de uma criança e admitir o erro, embora nem sempre o consigamos resolver.

Ele tem 5 anos e eu estarei sempre aqui para lhe mostrar que deve pedir desculpa, ainda que a partida saiba que poderá não resolver o problema, mas chegará ao coração de quem prejudicou ou magoou, porque nos dias de hoje o essencial deve sempre sobrepor-se ao importante.

O pior dia do ano?! Tretas...

Liliana Silva, 16.10.17

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Escrevo com a voz emabargada e o coração revolto

Escrevo, porque isto de ser mãe requer muita paciência, muita resiliência mas lá no fundo, requer que o meu filho possa viver num mundo mais justo, mais feliz e sem desgraças anunciadas. E hoje acordo com um sentimento de impotência de não conseguir proporcionar-lhe isso, ainda que não esteja directamente nas minhas mãos este mesmo facto. Hoje acordo e acordamos todos outra vez mais pobres, mais fracos e mais débeis. 

Ontem adormeci com o zumbido do vento, que era tanto que afligia a alma ao imaginar mato e terras a arder intensamente ao seu próprio sabor e mania. Ontem adormeci com o som de uma noite de serenata ao luar, canções tristes que antecipavam já o terror da manhã seguinte. Ontem a reunião era no Calvário, mas o verdadeiro, aquele por quem só lá passa pode imaginar, foi vivido por milhares de pessoas, de populações, de bombeiros a combater um inferno que é tudo menos igual para ambas as frentes. Ontem, e perdoem-me o meu egoísmo não fui capaz de ligar a televisão e acompanhar os trágicos desenvolvimentos, deixei o telemóvel assim que percebi que as notícias que iam chegando eram tudo menos animadoras, e ontem deitei a cabeça na almofada com uma grande vergonha. Vergonha sim de seres humanos, porventura em muito igual a mim que não olham a meios para atingir os fins, de seres humanos que ultrapassam os limites, que colocam em causa a vida humana para satisfazer interesses maiores. Pensando bem, poderei chamá-los de seres humanos? Um ser humano pressuponho eu que devesse ter um coração, estes têm pedras... 

Perdoem-me mais uma vez, mas sim, sou a favor de os deixar arder lá no meio daquele inferno...radical?! Que seja assim apelidada, estou-me nas tintas, mas a verdade é que se isto serve tudo para um grande jogo de interesses, que fiquem lá os maus e que se salvem os bons, aqueles que estão lá com as suas casas , os seus bens de uma vida, as suas próprias vidas. Que se salvem aqueles que saem de casa sem saber se voltam e que com isto ganham apenas os louvores quando as coisas já descamabram e recebem uma medalha de honra no seu próprio funeral. Que se salvem os verdadeiros e que fiquem lá os que se deixam corromper por meras moedas ou bens de valor imediato. 

E os nossos governantes?! Que se calem porque em momentos de dor e revolta algo pode correr muito mal. Que se calem porque não sabem, não vivem, nem sobrevivem a tragédias desta dimensão. Aos nossos governantes, aqueles que querem apurar responsabilidades, que acham que as populações não devem esperar por ajuda e por mãos à obra, aqueles que acham que não há erros humanos de maior quando se matam, hoje mais de 74 pessoas que se calem, porque a esta hora as palavras doem, as palavras não resolvem, as palavras não trazem de volta os mortos, o verde da natureza e o ar puro das nossas serras. Que se calem...porque actuar agora já é tarde. Valerá apena apurar responsabilidades? Calem-se porque num país onde se deixam morrer 64 pessoas numa estrada, onde não há reordenamento do território, onde não há prevenção e onde se multa o contribuinte porque não se pode multar o ordenante é muito desleal. Que se calem porque sempre houve maneira de resolver minimamente o problema mas nunca se quis na verdade que estas situações dos fogos fossem resolvidas. 

Calem-se todos, façam o devido silêncio neste momento em que muitos ainda correm contra o tempo e contra um inferno chamado fogo. Calem-se todos e respeitem a dor de quem perdeu o importante mas sobretudo o essencial. Calem-se todos porque com a vossa arrogância, com a vossa presunção e com a vossa falta de energia para actuar calaram-se hoje e injustamente mais tantas vozes que farão falta aos seus. Calem-se todos e reduzam-se à vossa insignificância do não saber ser nem estar num posto para o qual todos elegemos.

A nós cidadãos...a vós bombeiros...apenas o meu reconhecimento e o meu sincero bem-haja pela entrega, pela dedicação e pelo amor que têm não só à causa mas sobretudo às pessoas.

A ti pequeno príncipe T quero que saibas que estarei sempre por aqui, evitando estes males maiores mas mostrando sobretudo que nem sempre os dias amanhecem sorridentes, como hoje... 

 

* Foto Agência Lusa/Paulo Novais

O Gato Preto debaixo da Escada com Facas Cruzadas

Liliana Silva, 13.10.17

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Outubro

Dia 13

Sexta-Feira

Sexta-feira 13 no mês do Hallowen tem tudo para dar certo desde que não haja azares para o lado dele.

Não sou muito supersticiosa neste campo, não me irrito com gatos pretos, não me incomoda passar por baixo de uma escada, até gosto muito do número 13 e não o considero um dia de terror, partir coisas é mais comum do que aquilo que se pensa mas por acaso ainda dou por mim a bater 3 vezes na madeira quando espero que as coisas não aconteçam (situação a melhorar).

Hoje dei por mim a pensar nesta sexta-feira 13 e naquilo que mais me afecta e percebi que as sextas-feiras 13, tal como os outros dias da semana, do mês e do ano só me afectam quando por exemplo percebo que contigo algo não está 100% bem. Pois é, lá vem o blá blá blá da maternidade que afirma que desde que somos mães as prioridades mudam e as preocupações passam a estar centradas nos nossos filhotes...pois é blá blá blá mas é assim a mais pura das verdades. E nesta sexta-feira 13 o que mais me incomoda  é que pela correria dos tempos não poderei passar o dia contigo, não poderemos almoçar juntos, não teremos a tarde para brincar no parque ou andar de bicicleta. 

E nas outras sextas-feiras, e nos outros dias, e nos outros meses e em todo o ano aquilo que mais quero é que não fiques triste, é que não fiques doente, é que não te falte o carinho, a atenção e a dedicação. Isto para mim são azares e azares pelos quais muitas crianças, meninos e meninas têm de passar. Em todas as sextas-feiras, dias 13, em todos os dias e em todos os meses há crianças a lutar pela vida quer seja numa cama de hospital, quer num qualquer campo de combate, em todos estes dias há crianças dotadas ao abandono e privadas daquilo que nunca lhes devia faltar: o amor verdadeiro com tudo o que isso realmente implica.

Azar é não ter comer 

Azar é não ter roupa para vestir

Azar é não ter um tecto e paredes para nos abrigar

Azar é viver rodeado de bombas e tiroteios

Azar é estar numa cama de hospital

Azar é não ter família

Azar é não ter AMOR

:)

Hoje é mais um dia de tantos dias em que, se estiveres bem, eu estarei bem. E se o azar bater à nossa porta que escolha sempre o meu lado, para que possas viver mais sextas-feiras 13, para que possas brincar na rua com os gatos pretos, para que continues a cruzar as facas à mesa. 

  

 

O universo sem ondas

Liliana Silva, 11.10.17

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Regressamos ontem ao sítio que o faz feliz...que o deixa extasiado...que lhe mostra poderes sobrenaturais. Ele salta, ele mergulha,ele brinca. Não ainda não sabe nadar mas fez grandes progressos desde que ali andamos. Perdeu o medo, aventurou-se, partiu à descoberta. Ontem foi dia do regresso e há muito que ele falava na sua natação. Foi dia de reencontrar amigos, de rever o professor e de voltar a perder-se no meio da água como se de um verdadeiro patinho se tratasse. Não ele ainda não sabe nadar...mas eu estarei lá para ver isso,porque acredito que mais cedo ou mais tarde isso vai acontecer. Enquanto isso não acontece...confesso que é bom senti-lo mais tempo agarrado a mim e no meu colo, sinônimo de que ainda estamos ligados, sinónimo de que ele está a crescer mas eu ainda consigo ajudá-lo a crescer sempre mais. É esta a minha tarefa...acompanhá-lo sempre nas suas conquistas e ver de perto as suas vitórias. Ele ainda nao sabe nadar...mas no regresso foi bom ver que está mais preocupado, mais atento, mais homenzinho. E palavras para quê?! Aquilo cansa...cansa mesmo...ferrou os olhos e hoje mais do que os outros dias foi difícil acordá-lo. Ele vai nadar não tarda...e eu vou aplaudir de pé mais uma etapa da tua vida como se um verdadeiro troféu tivesses ganho.

A amizade entre a água e o miúdo

Liliana Silva, 09.10.17

Desde sexta-feira que o tema predominante lá em casa é a água. Desde sexta-feira que o pequeno príncipe T regressou mais alerta do que é normal para a temática da poupança da água. Ora tudo isto porque conversaram seriamente sobre o assunto com a professora. Ao que já consegui apurar hoje parece que os pirralhitos deram bastantes queixas dos pais na hora de racionar a água lá em casa...eles "lixam-nos" com uma pinta...aiii

Sexta-feira e quando se preparava para tomar banho o pirralhito começou a conversa por explicar que a água vinha nos canos para a nossa banheira e lavatórios e ainda para a "taça" de lavar a louça...depois começou por avisar que o pai quando faz a barba deve por creme na cara e esfregar muito bem até fazer espuma e enquanto isso acontece a água deve estar desligada. Depois disse uma frase muito séria "temos de ser amigos da água". E disse mais, afirmou que as barragens estavam sem água e que qualquer dia não tinhamos água para lavar os dentes e para tomar banho. Relembrei-lhe que aquela conversa já há muito que a mamã tinha sempre que ele demorava eternidades a lavar as mãos com a água a correr ou quando insiste em ficar com os jactos da hidromassagem ligados depois do banho só porque aquilo faz "coceguinhas" e sabe bem...pois...o miúdo lá terá as suas razões e precisa relaxar...OMG

Questão das questões foi cair no erro de lhe perguntar "então e tu disseste à professora que a mamã já há muito tempo que fala contigo sobre isso", e recebo um redondo "oh não esqueci-me"...pronto lá somos nós pais crucificados por andar a esbanjar um bem precioso por esta altura de outono "veronal".

Mas erro maior foi quando me ofereci para tomar banho com ele, sim eu que adoro água quente, e quando me preparo para lhe por o champo e o gel de banho ele desliga a torneira sem questionar nem avisar. Uiiiiiiiii aquilo "doeu"...

Mamã: "então oh jeitoso desligaste a água, agora vai ficar aqui frio"

T: "então mas tu não ouviste nada do que eu disse antes do banho? A água não pode ficar a correr"

Creio que vou ter de o "comprar" sempre que tomar banho com ele, porque ficar sem água quente num duche é que não consigo...epah aceito isso em lavar os dentes, lavar a loiça e o pai terá de aceitar isso quando fizer a barba...mas no banho por favor naoooooooooooooooooo...

Alguém solidário comigo e com o meu "egoísmo" medido nesta temática da água?! Acusem-se por favor...

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Quero dormir mais um bocadinho mamã

Liliana Silva, 06.10.17

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O meu rico filhinho não tem um bom acordar. Talvez vá, eu até equacione a hipótese que ele sai à riquinha da sua mãe, visto que acordar cedo, obrigada, e com despertador não é de todo para mim. Como diz a frase "ao pequeno- almoço preferes leite ou café? Eu prefiro mesmo que não falem para mim"...pois sim...vá...acho que o meu riquinho vai pelo mesmo caminho. Big problem?! É que sou eu que o acordo, sou eu que levo com aquelas birrinhas e choros sem jeito, sou eu que tenho de o procurar no meio dos lençóis 20 ou 30 vezes, tantas quantas o vá destapar e vire costas para ir buscar a roupa. E sou eu que repito vezes sem conta a famosa frase "já estamos atrasados ohhh pirralho".

Ora pois bem, experimento todos os dias deitá-lo cedo...sem sucesso...como tal não me posso guiar pela máxima, deitar cedo e cedo erguer, porque não é de todo verdade meus amigos.

Técnicas ou tácticas? Uiiii...conversa de pano para mangas...mas cá vai aquilo que tento fazer e que por dias até dá bons resultados:

 

- Música: acordá-lo com música é quase meio caminho andado para o fazer "abrir a pestana" e po-lo de bem com a vida no instante seguinte que lhe digo que é hora de levantar.

 - Perguntas: a técnica das perguntas é meio controversa. Porque não podem  ser umas perguntas banais. Têm de ser daquelas perguntas para lá do sim ou não. Têm de ser perguntas que o obriguem a responder no imediato porque lhe criam uma excitação tal que ele tem necessidade de responder. O caso dos dias em que sabe que vai numa viagem da escolinha ou o caso dos dias em que alguém que ele gosta muito vem visitar-nos. O caso até de inventar algo com os amiguinhos especiais (peluches) e perguntar-lhe se durante a noite viu ou ouviu alguma coisa...tipo entrar numa imaginação fértil.

- Escolhas: colocar 2 indumentárias na cama e pedir-lhe que seja ele a escolher o que quer levar vestido para a rua

- Miminhos: esta é relativa...vá muito relativa...creio que os meus mimos ainda o fazem ficar com mais sono pois adoro as festas nas orelhas, as massagens nas costas, os "cafunés" na cabeça...sim por vezes fá-lo rir e daí acordar mais rápido mas noutras vezes...SEM HIPÓTESE.

- Troca de papéis: chamá-lo da minha cama e pedir-lhe para me ir acordar, ou dizer-lhe que pode ir acordar na minha cama. Fá-lo abrir os olhos, caminhar um pouco e isso quebra ali a preguiça que o corpo adquire com o sono.  

Sim eu sei, são as minhas muletas na hora de o acordar, na hora de o por fora da cama, na hora em que eu sei tão bem que só mais meia horinha servia para restabelecer o nosso bem estar. Também já experimentei acordar mais cedo mas sem sucesso, acabo sempre por perder o tempo a mais em "minhoquices" que depois nem eu sei explicar.

Conclusão das conclusões?! Espero que os vossos riquinhos acordem bem dispostos e preparados para o novo dia de cada manhã. Por aqui o que custa mesmo é o desperar e o sair de casa. Depois disso...as pilhas carregam na máxima voltagem e só descarregam quando já não há mais margem de manobra para a hora da cama. 

 

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