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Ele, o microfone e a mamã

"Radicalismos" de uma mãe galinha, rabiscos e cantorias do pequeno príncipe T e vida, muita vida para vos mostrar. No nosso T3 vivemos e sorrimos muito.

Ele, o microfone e a mamã

"Ulhóo Natal"

Liliana Silva, 28.12.17

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Não fugimos à regra, nem fomos excepção. Natal é sinónimo de família, reboliço, confusão, doces e muita animação.

Mais um natal que passou, mais um Natal que deixa sempre um misto de emoções, mais um Natal em que me senti virada do avesso e em que nada nem ninguém poderia fazer mais do que fez e faz. Arre época danada que me faz estremecer e quebrar. Mas como todos dizem, a vida tem de continuar, "show must go on" e lá tive eu de arregaçar as mangas, limpar as lágrimas e desenhar um natal à medida de um pequeno grande príncipe. Se há coisa que não sou é egoísta e só por tal não tenho o direito de lhe estragar a magia, como tal junto-me à festa e bola pa frente.

Um 24 ao rubro, com a batedeira no máximo, o forno em potência máxima, farinha pelo ar e cheiro a doces a pairar. Este ano tivamos a companhia do "feijão" da família (primo Guigo) e a diversão foi a dobrar. Com a certeza que os excessos e as quebras de rotina seriam ponto acente, as coisas correram muito melhor porque não houve stresses com horários, comidas ou bebidas, e birras desmedidas. Serenamente levei a água ao meu moinho. A noite da consoada foi passada em casa dos avós paternos, onde tivemos a honra de receber um pai natal muito velhote (padrinho do pequeno mini meu) que vestiu na pele a personagem e conseguiu até o feito do miúdo achar que era o mesmo do ano passado (só que não).

 

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As prendas foram chegando e os sorrisos foram alargando. Era hora de nos depedirmos do Barbudo velhinho e que já quase não conseguia ler, e começar o frenesim da abertura das prendas. Houve tempo para gritos e gargalhadas, para papéis espalhados pela sala, para as confusões da troca de presentes que vinham sem nome ahahaha.

 

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O dia 25 começou como o ano passado. Tinha de lhe dar a certeza que o "Santa" também iria passar na nossa casa e como tal depois de o ter colocado a dormir já a madrugada estava presente, coloquei neve artificial a sair da lareira e a percorrer o hall de entrada até à árvore, marquei com uma bota do Sr.Engenheiro da casa as pegadas e lá deixei um "grande presente" para que ele e o primo pudessem abrir na manhã de natal. A taça das bolachas estava remexida e quando acordaram foi vê-los "acompanhar as pegadas do pai natal" e como vibraram com a situação.

Passado na casa dos avós maternos (sim falo da avó materna como presença habitual no nosso meio), este dia de natal contou com a presença de mais duas primas, mais velhas por sinal e que o "aturaram" nas suas exigências natalícias.

 

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Conseguimos chegar um pouco a todo o lado, faço questão disso mesmo e sinto que o meu dever está cumprido. Foi um natal agradável e feliz. Foi mais um Natal em que não lhe faltei com a magia e isso acreditem que para mim é o mais importante. Sim, eu sei, a idade para acreditar está a diminuir, estou a ficar "sem tempo" e como tal tudo o que possa fazer para que ele acredite nos sonhos farei, de e com o coração aberto. Sempre por ele e para ele.

 

 

 

Quando deixa de ser Natal...

Liliana Silva, 20.12.17

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Deixou de ser natal...O meu Natal

Deixou de haver o cabaz com as bebidas, o bolo rei e o pai natal de chocolate da empresa dos pais

Deixou de haver o presépio montado na lareira que já não era utilizada

Deixou de haver os enfeites novos todos os anos com cores a combinar

Deixou de haver as inúmeras sobremesas na mesa de natal

Deixaram de existir os inúmeros presentes que rodeavam a árvore na noite da consoada

Deixou de haver o friozinho na barriga na manhã do 24

Deixou de haver o calorifico a gás a aquecer a sala

Deixou de haver a azáfama dos doces e dos salgados na cozinha durante a tarde da consoada

A tradição daquela casa não se perdeu, apenas deixou de existir

Porque há lugares vazios

Daqueles lugares que fazem toda a diferença

Deixou de estar a mãe, a impulsionadora, a mente dos sonhos, a mulher coragem, a "tipa" doce, a destruidora de pensamentos negativos

Deixou de estar a prima sorridente, a "irmã" que ia a todas, a amiga que envergava o barrete de pai natal e encarava o espírito ao mais alto nível

Deixou de estar a avó que soprava as velas no mesmo dia do nascimento do menino e que nos fazia beijar-lhe os pés com rigor e serenidade.

Estes lugares jamais serão ocupados. Estes lugares marcarão para sempre uma vida, uma época, um momento. O vazio destes lugares fez-me perceber que deixou de ser Natal...naquele tempo deixou de haver magia.

Aos poucos, e passando 5 anos estou a redescobrir os pozinhos mágicos...

Afinal o Natal continua a existir...dei-lhe "nova roupagem", agarrei-me a ele com os sonhos de um miúdo de 5 anos, passei a dedicar-lhe mais tempo, voltaram as decorações e voltou sobretudo a vontade de transmitir ao pequeno príncipe T esta magia. Porque eu deixei de acreditar em muito mas quero que ele acredite em tudo, porque só acreditando a vida faz realmente mais sentido. Se acreditarmos ninguém  nos tira o essencial da vida: Sonhar.

 

O Natal em Clicks

Liliana Silva, 18.12.17

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Quem me conhece bem, sabe que sou viciada em fotografia. Creio até que enverdei pela carreira errada, quando me apaixono cada vez mais por este mundo. E para além disso gosto de recordar momentos, bons momentos, boas energias...e como tal todos os anos não prescindo de fazer uma sessão fotográfica de Natal com o pequeno príncipe T, gosto de eternizar momentos e gosto acima de tudo de ter um postal de Natal que marcará o Natal do ano em questão.

Este ano não foi excepção e lá fomos nós no início deste mês do Natal até ao estúdio do Daniel Rebordão https://www.facebook.com/DRebordaoFotografia/ 


Boa disposição, simpatia e grandes gargalhadas é o que vos espera. Sentimo-nos verdadeiramente à vontade e confesso que aqui o nosso mini já está se sente um verdadeiro BFF das lentes.

O cenário este ano mudou, em tons de branco, está lindíssimo, com adornos pensados ao mais ínfimo pormenor.

As camisolas foram escolhidas a pensar nesta sessão e na noite de Natal e poderão encontrá-las em  https://pt.zippykidstore.com/ 

Não podia estar mais feliz com o resultado final, foi uma sessão perfeita (faltando apenas o Engenheiro da casa que por estar a trabalhar não pode estar presente). O difícil foi mesmo escolher as fotografias que mais gostei...

Agora deixo-vos com uma "amostra" desta sessão.  

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É que não somos mesmo todos iguais...

Liliana Silva, 12.12.17

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Raríssima é a vez em que os meandros do dinheiro e do poder não se misturam numa bola negra e rebentam em notícias que nos deixam a todos incrédulos e lixados com estas histórias que mais parecem saídas de um filme de investigação.

Raríssima é também a vez que quando estes escândalos rebentam, não nos sintamos todos um pouco defraudados e enganados com estas histórias da solidariedade e do ser bom para o próximo.

Raríssima é a vez que pessoas deste género conseguem encabeçar uma instituição e não descredibilizá-la com as suas mentes sujas, mãos grandes e corações vazios de sentimentos.

Raríssima será a vez que situações como estas sejam punidas como deve ser: a reposição do dinheiro de todos nós.

Este domingo e depois de muito ler e ver nas redes sociais sobre o impacto que a reportagem de Ana Leal despoletou um pouco em cada um dos portugueses, tomei coragem e fui ouvir tudo o que foi relatado sobre esta pessoa. Lamento não conseguir chamá-la de senhora, lamento ainda mais a imagem com que fiquei da mesma. E mais do que lamentar, repudio cada facto que foi informado, cada situação que foi demonstrada, cada imagem que foi passada. E com o passar dos minutos dou por mim a pensar que são pessoas assim que me fazem perder a fé na humanidade. São pessoas assim que me fazem pensar duas vezes na hora de me envolver num qualquer projecto social. São pessoas assim que me fazem questionar, afinal o que é isto da solidariedade e do bem comum? Em primeira análise e sabendo que não posso nem devo colocar tudo e todos no mesmo saco, são as primeiras ilações que retirei de toda esta história. E depois acabei por ficar triste por perceber que os meus sentimentos são gerais, ou quase. Foi triste perceber que a maioria das pessoas tirou as mesmas ilações, colocou as mesmas questões e sobretudo foi triste perceber que neste momento, as instituições de solidariedade social estão em check...todas... e por todos nós. E todas estão em causa porque pessoas como estas conseguem abalar a nossa crença nas pessoas boas, nas pessoas de carácter, nas pessoas de bom coração, nas pessoas com uma meta clara e definida...o de fazer o bem para os outros. É das coisas que mais me revolta, que mais me lixa, que mais me deixa à beira de um ataque de nervos...arre gentinha de merda que pensa que o mundo tem de ser todo deles...mas será possível que nem os problemas graves dos outros sejam entraves naturais para se pensar apenas no próprio umbigo? Mas onde está afinal a dignidade humana quando a desgraça alheia é alavanca para vitórias pessoais? Como dizem por aqui...o mundo está perdido...

PS. Fez bem em retirar-se, como diz e bem à justiça o que é da justiça, aos homens o que é dos homens. A instituição merece reerguer-se com nomes que dignifiquem a causa. E em qualquer dos desfechos que esta história possa vir a ter, uma coisa já ninguém lhe tira...o protagonismo de ter extravazado o surreal. O meu carimbo já ninguém lho tira...porque depois disto dou-lhe razão numa única coisa, ainda bem que "não somos todos iguais" Paula Brito e Costa.  

Aconteceu Magia

Liliana Silva, 05.12.17

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Ainda não vos contei sobre o nosso fim de semana prolongado. Ainda não vos mostrei detalhes daquele que é o dia de fazer acontecer magia. Ainda não...e ainda não porque realmente os dias caminham rápido e por estes lados as coisas são vividas a 1000. 

Confesso que me ressenti...epah ressenti porque há 5 anos que tive de aprender a reviver esta tradição do natal. Há 5 anos que tive de ir buscar forças para aguentar os dois lados do coração. Há 5 anos tive de saber aceitar que na mesa da consoada não ía ter a minha âncora mas passaria a ter a minha força. E ressenti-me mais uma vez porque nestas coisas da alma e do coração nós não mandamos e os sentimentos parecem marcar os dias do calendário do ano tão bem que até arrepiados ficamos.

Com o passar dos anos comecei novamente a ganhar um certo entusiasmo...

Com o passar dos anos percebi que deveria passar a mesma magia que eu tinha recebido até então...

Com o passar dos anos passei a ter a meu lado um miúdo a quem devia esta época...

Com o passar dos anos reconheci que não podia nem devia baixar os braços e abraçar a tristeza que se tinha apoderado de mim e do meu entusiasmo...

Com o passar dos anos aprendi que o meu "egoísmo" não devia afectar os sonhos de uma criança

Não foi fácil, de todo. Ainda não o é. Se me perguntassem à 5 anos atrás se passaria este mês à frente responderia com toda a certeza que sim. Não hesitaria em evitar estes dias.

Hoje a resposta seria outra, sem dúvida.

Porque os sonhos dele, a magia dos seus olhos, o entusiasmo que coloca em tudo supera a grande tristeza que se aloja neste coração em dias tão especiais.

E este fim de semana foi prova disso mesmo. Ressenti-me e chorei, mas antes disso vivi estes dias como mereces. À escala de um pequeno príncipe que merece um reinado mágico de luz e amor.

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Acredita que só um ser muito especial consegue o que tu consegues. Ainda que parte de mim se desmorone, sei que ao teu lado terei sempre uma grande máquina - o teu coração que me fará ir sempre mais além, que me fará sempre levantar a cabeça e achar que a vida só vale a pena ser vivida assim, intensamente.

Decorámos a árvore, colocámos os enfeites e distribuímos as luzes. O pai natal musical já deu espectáculo e até encontrámos o verdadeiro nas ruas da cidade. Temos um calendário do advento e todos os dias abrimos a magia destes dias.

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E farei sempre mais...e agradeço-te que continues a fazer sempre mais por mim mesma. Faz-me acreditar que isto realmente tem um sentido maior.

 

Os desabafos sobre as disparidades interior/litoral

Liliana Silva, 04.12.17

Tenho realmente o coração entristecido...

Ultimamente tenho sentido na pele as disparidades entre o litoral e o interior, e olhem que até aqui nem sequer isso me passou muito pela cabeça. Nunca foi coisa em que pensasse deliberadamente e muito menos foi coisa que importunasse a minha rotina e o meu dia a dia. Não gosto de confusões, não gosto de gente stressada, não gosto de correrias desenfreadas...e só por aí nunca nada disto me chamou grande atenção.

Nunca me senti desvalorizada por estar no interior. Nunca me senti descriminada por viver no "mundo serrano"...mas atenção estamos a falar de situações do quotidiano, de coisas banais porque quanto ao resto haveria muito a falar sobre estas descrepâncias.

Mas realmente tenho o coração entristecido por um miúdo de 5 anos que me tem deixado a questionar estas disparidades, que me deixa a fervilhar por esta desigualdade, que me deixa a pensar que realmente o país é Lisboa e pouco mais. 

O miúdo vê o anúncio do filme do BOB Construtor e quer ir ver. Pesquisa feita percebemos que o filme, para já, só estará por Lisboa e lá temos nós de explicar que por cá também temos outros filmes interessantes e tentamos desvalorizar a situação.

O miúdo vê o anúncio ao espectáculo da POPOTA e ouve mais uma vez a palavra "Lisboa" e questiona se podemos ir ver. Voltamos a explicar que Lisboa ainda é longe, que só temos os fins-de-semana disponíveis e que nalguns deles um dos dois tem de trabalhar.

O miúdo vê o directo das transmissões do "Wonderland Lisboa", vê inclusive na televisão o primo na casinha do Pai Natal e aqui a coisa descambou. Aqui senti na pele a tristeza dele e a minha por às vezes não conseguir contornar esta situação. Conteve-se até chegar ao carro, a viagem de regresso a casa foi quase "muda" e quando o pai sai do carro ele desabafa:

"Mas isto que eu gosto é tudo em Lisboa? Porque não pode ser aqui na minha cidade? Mas é tudo em Lisboa porquê? E os outros meninos não podem ver as coisas importantes porquê?!

Murro no estomago e aperto no coração. Dei-lhe razão, porque efectivamente é a mais pura das verdades, e tentei mais uma vez desvalorizar a situação. No fundo tentei acima de tudo explicar-lhe que a capital era uma cidade maior que a nossa e que por isso tinha mais actividades. Chamei-o a atenção que também já tinha estado com o pai natal, que também já tinha estado na sua casinha, mas ele achou aquela maior e mais engraçada, porque a "galinha da minha vizinha é sempre maior que a minha! né?! Expliquei-lhe que já fomos também várias vezes a Lisboa, ver espectáculos, visitar monumentos entre outras coisas...mas que este mês era complicado arranjar tempo e disponibilidade...

O que me restava?! Prometi-lhe que íamos ver uma casinha de pai natal nova, fora da cidade, não a de Lisboa mas outra diferente. Vou cumprir, mas mesmo assim gostava de poder também eu entender melhor a coisa para conseguir "desenvencilhar-me" destas questões pertinentes de um miúdo de 5 anos que já sente na pele a injustiça de ter nascido no interior. 

Um dia mais tarde, e mediante o rumo que a vida tomar ele vai perceber que no fundo, nascer e crescer aqui é o expoente máximo da qualidade de vida, até lá, vamos tentar atenuar estes pedidos, porque sei que tenho um filho que não é nada exigente e que para ele qualquer coisa que seja "nova" é motivo de sorrisos e diversão garantida.

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