Estou a crescer contigo...
Mais uma vez...
Quando digo que cresço contigo pode até parecer cliché, maluquices ou exagero da minha parte, mas a verdade é que é assim que me sinto...a vencer etapas ao teu lado.
Nesta profissão de mãe não há, como todas nós sabemos, um manual de instruções que nos ajude a desenvolver as nossas aptidões. Deitam-nos aos lobos e desenrascamo-nos o melhor que sabemos e podemos. Não fui nem sou excepção. Já fiz muito asneira contigo (nada de grave, não fiques apavorado), mas deitando o olho para trás percebo que o que ficou depois do meu ombro, lá atrás, poderia ter sido feito de outras maneiras não tão duras para mim como para ti.
Esquecendo no entanto o que "lá vai lá vai" sinto-me mais madura, mais compreensiva, mais coerente. E ontem deitei-me com o sentido de missão cumprida para mais um dia.
Depois de um dia que foi daqueles "para esquecer", daqueles em que me apetecia deitar a cabeça na cama e tapá-la com a almofada sem ouvir nada nem ninguém, daqueles dias em que não há paciência nem para os meus pensamentos quanto mais para tomar conta de uma criança como tu...começas a choramingar e chamas por mim...
Na primeira tentativa acalmei-te ao longe dizendo que estava no quarto ao lado, mas percebi que aquilo não estava a resultar e levantei-me...chego à porta do quarto e percebo a tua aflição, o teu medo e mesmo o pânico...olhas e desatas num choro desenfreado e percebo que precisavas da minha presença...
Estava com a cabeça a mil, pronta para chorar também, a precisar de colo e a não ter de dar explicações sobre nada...mas tu também estavas ali, frente a frente comigo com uma vontade imensa de um abraço e de um limpar de lágrimas. Era meu dever entrar em acção e vestir a capa de mãe. Respirei fundo, levantei-te para o meu colo e percebi que tremias. Falavas em monstros, em bichos papões, em mortes...respirei fundo novamente e fiz-me à estrada das tuas preocupações. Percebi logo, que ali a minha missão era guardar os meus problemas na gaveta da minha alma e tentar resolver os teus.
Expliquei-te aquilo que consegui da forma mais simples e sem dramatizar...e sabia que de nada me valia voltar a deitar-te ali se ainda tinhas o coração a mil. Peguei em ti e levei-te para a minha cama...era lá que ontem pertencias, era daquilo que ontem precisavas e eu soube-o num click, sem desesperos nem gritos...superei-me e sinto-me orgulhosa por isso! Fui capaz de te dar a paz que necessitavas e depois disso mais nenhum problema meu fez qualquer sentido. Agarraste a minha mão e adormeceste em cinco minutos, calmo e tranquilo.
Superei-me!
Não sei qual o significado de tudo isto, divago muito sobre a minha missão ao ser tua mãe. Não sei se "alguém" me pôs à prova ontem. Não sei...tenho as minhas teorias mas nunca as certezas que gostaria. Sinto que algures, alguém percebeu o meu estado de espírito de ontem e me fez parar para reflectir...Assim o fiz...e assim adormeci mais tranquila.