Como se gere a notícia de uma gravidez?!
Carta ao meu filho quando soube da sua chegada
Passaram 7 anos desde que aquela "caneta" apresentou um tracinho extra no visor...
Passaram 7 anos desde que ganhei coragem para comprovar os enjoos, a sonolência excessiva, a fome em demasia, o cansaço por demais...
Passaram 7 anos desde que num wc "público" decidi tirar "aquilo" a limpo...
Passaram 7 anos desde que um turbilhão de emoções passou a fazer parte da minha cabeça e do meu coração...
Há 7 anos tudo aquilo me pareceu descabido, tudo aquilo era surreal, tudo aquilo foi posto em causa. Naquele dia pairou a incerteza e a insegurança, os pensamentos e as sensações meio perdidas. Naquele dia morri um pouco por dentro...sim morri...e morri porque sabia que ia ter de lidar com emoções contraditórias em todos os outros 9 meses do teu crescimento.
Há 7 anos não foi dia de festa...aiii Tiago, não tenho palavras que expressem tudo o que me ia na cabeça naquele dia e nos dias seguintes de tantas lágrimas...
Há 7 anos não dei notícia a ninguém, não corri para o telefone para contar, não saí à rua para agradecer, não cantei de alegria com a notícia da tua existência!
Não me recrimines. Tento a cada dia que passa redimir-me de todos os pensamentos que tive e de todas as sensações boas que não tive oportunidade de viver.
Há 7 anos tu estavas a crescer dentro de mim e a minha mãe morria aos poucos ao meu lado! Não foi tarefa fácil meu pequeno guerreiro. Não foi de todo fácil...Ainda hoje não o é! Mas hoje tenho-te ao meu lado, hoje apoio-me em ti, hoje sorrio contigo e hoje dou graças por ter tido a coragem de te carregar durante aquele tempo tão sofrido!
Tu és a prova viva de que existem milagres e eu sou prova provada de que posso duvidar de muito mas que tenho sempre algo maior em que acreditar.
Disseram-me muitas vezes que Deus me fechou uma porta, mas me abriu uma janela...não percebo muito desta frase. Revoltei-me até, quando a ouvia...
Hoje limito-me a aceitar os factos e a saber que quando abro a porta tenho-te à minha vista e quando me ponho à janela tenho telhados de estrelas cadentes a iluminar o meu caminho.
Obrigada miúdo giro...porque se hoje aqui estou...a ti o devo!!