Ele tem 5 anos e pede desculpa...
Ora pois bem Sr. Primeiro- Ministro, senhores ministros, senhores secretários de estado, senhores comandantes da protecção civil, senhores deputados da assembleia e afins, hoje apenas que ocorre dizer que por estes dias tenho em casa um miúdo de 5 anos que cumpre na integra aquilo que vocês em mais de 4 meses não souberam fazer, dizer e muito menos sentir.
Tenho em casa um pirralho que com a mania da idade tende a fazer tudo como quer e quando quer e com estas suas acções sabe perfeitamente que haverá consequências dos seus actos. E tenho em casa um pequeno grande homenzinho que com os seus tenros anos sabe que a primeira coisa a fazer quando faz asneira é pedir desculpa. Ora pois muito bem, deste lado está uma mãe que responde quase sempre a mesma coisa "as desculpas não se pedem, evitam-se", mas ainda assim a tendência é sempre de pedir um perdão para que todos saibam que ele está arrependido.
Pois muito bem Sr. primeiro-ministro e demais representantes que a maioria, ou não, elegeu para nos representar, ponha-se no seu lugar de filho, de marido, de pai, de neto...ponha a sua família no lugar destas mais de 100 famílias que perderam alguém próximo, ponha a sua família no lugar de tantos outros portugueses e portuguesas que perderam os bens de uma vida, e que neste momento não têm nada para lutar ou sobreviver. Consegue essa proeza? Agora tente interpretar o papel do pequeno principe T e saiba que algo de muito mau se passou pelo seu "reino" e como ele, saiba pelo menos admitir que há erros, que sempre houve mas que não devem continuar a existir erros assim. Consegue pedir desculpa?
Ainda que eu, e mais uns milhões valentes lhe possamos responder sempre da mesma forma, que "as desculpas não se pedem, evitam-se", ainda que eu ache que muito falhou, que as desculpas não trazem os mortos, que as visitas aos locais afectados não vão voltar a ser verdes apenas com a sua passagem...ainda que eu como mais uns milhões de pessoas estejamos revoltados, tristes, zangados e nada nem ninguém nos satisfaça, ponha-se no lugar de cada um de nós e saiba ser, saiba apenas ser. Porque nestes momentos de dor, de revolta, de ânimos exaltados não serve nunca o ar imponente, a postura correcta ou a resposta politicamente acertada. Nestes momentos de dor, revolta e tristeza é preciso saber ser e estar. É preciso reconhecer. É preciso acalmar. É preciso amparar. É isso que todos esperam quando estão mais fragilizados.
Aprenda com um miúdo de 5 anos. Olhe à sua volte e saiba que apesar de poder fazer tudo e ainda assim não consiga resolver o problema, as pessoas verão que quem temos a dirigir-nos não é um reles político mas uma pessoa com sentimentos no lugar certo na hora certa. Às vezes é necessário baixar a "crista" e carregar nos ombros "passos" pesados, mas acredite que se souber ser e estar na pele de um simples ser humano, as coisas tendem a correr melhor.
Vale a pena pensar nisto. Vale a pena, às vezes deixar-mo-nos guiar pela simplicidade de uma criança e admitir o erro, embora nem sempre o consigamos resolver.
Ele tem 5 anos e eu estarei sempre aqui para lhe mostrar que deve pedir desculpa, ainda que a partida saiba que poderá não resolver o problema, mas chegará ao coração de quem prejudicou ou magoou, porque nos dias de hoje o essencial deve sempre sobrepor-se ao importante.