O teu regresso...
Não precisavam pedir...
Não precisavam mandar...
Há cerca de 4 meses atrás o país confinou-se (palavra já tão odiada por todos)...
Há cerca de 4 meses atrás voltamos ao que eu chamo de "nova licença de maternidade"... ao apego 24/24, às birras mais acentudas, aos berros mais vivos, às gargalhadas mais altas, à música mais veloz...
Há cerca de 4 meses conseguimos deixar as rotinas rígidas que a vida nos impõe e pudemos voltar a tomar o pequeno almoço com calma e tranquilidade, pudemos cozinhar juntos, pudemos tomar banhos mais longos, pudemos experimentar roupas e fingir reis e rainhas.
Fizemos de tudo um pouco e desengane-se porque nem tudo foi assim tão perfeito!! Este amor de mãe e filho é tramado mas no fim saiu vencedor!!
Hoje, 4 meses depois voltaste para as tuas rotinas...hoje passei o dia de lágrima fácil, de sorriso distante, de preocupação nas mãos. Hoje o despertador voltou a tocar para ti, o corre corre voltou aquele corredor de casa, o pequeno almoço foi contado e tudo o resto foi estimado a cada minuto.
Hoje, 4 meses depois, meti a chave na fechadura e não ouvi música, não ouvi "mãe", não vi aqueles abraços a vir em direcção a mim, voltei a almoçar em silêncio. Um silêncio ensurdecedor que me fez mais uma vez chorar. Que pesado foi este dia "novo".
Fazes-me falta miúdo...agora até me habituar à tua "ausência" vai custar outra vez...
Mas sabes...tenho as asas preparadas para abrir outra vez mais um bocadinho... e não te preocupes muito, porque o teu lugar é onde deves estar, e eu sei que por muito que me custe, agora é a tua hora de pular, gritar e brincar...coisas que te foram privadas nos últimos tempos e que agora podes fazer mais e melhor.
O vírus?? Esse bicho papão que todos os dias nos rouba algo (quanto mais não seja a felicidade plena de viver tudo intensamente e sem medos) e que já muitos estarão a pensar...fica de fora desta equação...e fica porque quero, fica porque tenho essa necessidade, fica porque recuso viver com o medo constante alojado no coração.